quinta-feira, março 23, 2006

Um conto.

Eu não tenho nem vontade de escrever um conto hoje, nem inspiração, nem quero trabalhar alguma estória já contada; não tenho uma na minha caixinha de memórias, não tenho coisas aproveitáveis no meu cadernim. E quando tudo isso acontece, e que acontece é um conto tropeçando na corcunda de si mesmo, e cair gemendo - não de dor - mas das palavras mal-postas pela má vontade do palavrador.

Então quero registrar minhas mais falsas apologias a este texto tão singelo que deveria mais é calar a boca e dar graças aos céus que foi escrito! Opa, mas que bobagem eu digo: é a raiva, é a impaciência; eu que tenho que dizer obrigado ao universo por ter me escolhido para tentar colar as coisas nas palavras, mesmo aqui não sendo poesia, mesmo eu não sendo de Portugal, nem tendo bigodinho, nem minha namorada chamar Ofélia.

E não é que consegui chegar ao último paragrafinho? Às vezes, lendo algo por aqui, fico com vergonha de ter problemas em chegar ao mísero terceiro parágrafo; às vezes, quando observo algumas destas marmotas, fico pensando onde está a estória, cadê o conflito, a reflexão psicológica, e não encontro, ou talvez não saiba procurar. Mas o meu trabalho não é ficar escavando sentidos, como disse a sra. Mirella muito bem: "não vejo muito sentido em fazer sentido."

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