sexta-feira, março 24, 2006

Sede.

E queria porque queria. Mais do que todos os chocolates do mundo, ele queria um pouquinho, só um tiquinho de nada, mais do que uma tragada num Marlboro, mais do que um Charge, mais do que um Smash, mais do que o álbum com a adaptação do Hamlet. Mais do que tudo isso, queria.

E se lembrou daquele pergunta - uma das perguntas certas: e, por acaso, eu quero o que desejo? Leu numa capa de livro, enquanto passeava pelo supermercado Hiper, que fica do lado de um trem que corre desde Fortaleza e vai desaguar em Guaramiranga. Lá em Guaramiranga, tinha memórias de lá, sua mãe nascera lá, ele tinha raízes ainda fortes com a única rua da cidade, com a minipraça, com as casas de muros rosas, azuis, brancos, azuis e brancos; e as serras de fundo, pintadas, eram bem maiores e bem mais verdes do que via quando descia a rua da sua casa, voltando do trabalho.

No trabalho, também queria. Principalmente no trabalho, quando todos estavam digitando, ou escrevendo ou mandando alguém fazer alguma coisa ou fofocando ou bebendo água e fofocando ou pensando em mandar a loira editora tomar no maldito cu. No trabalho, ele queria: desejava.

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