sábado, setembro 22, 2007

Ela disse que o amava agonizando. E deixou cada fio de lágrima formar uma vereda úmida na sua pele, como um rio de chuva que nasce, descobrindo a terra seca. Como era ela seca! E cansada, e longa, e última! Como ela era subtância desgastada e caminhos por entre as bochechas lavradas de lágrimas.

Ela pranteava cada momento em que se deixava abrir seus caminhos na frente dele: cada parte de si ficava à mostra quanto mais a verdade mortal daquele amor abraçava seu peito. Tinha raiva daquele amor. Sabia que não amava bem, e sabia que não podia amar de outro jeito.

E sabia que ia terminar da única maneira que aquele amor podia terminar: da mesma maneira que o melhor dos amores termina; da única maneira que o amor desvelado pode terminar: e aquela lembrança, que iria restar por tudo que foi, nunca, nunca se tornou saudade.