sábado, setembro 22, 2007

Ela disse que o amava agonizando. E deixou cada fio de lágrima formar uma vereda úmida na sua pele, como um rio de chuva que nasce, descobrindo a terra seca. Como era ela seca! E cansada, e longa, e última! Como ela era subtância desgastada e caminhos por entre as bochechas lavradas de lágrimas.

Ela pranteava cada momento em que se deixava abrir seus caminhos na frente dele: cada parte de si ficava à mostra quanto mais a verdade mortal daquele amor abraçava seu peito. Tinha raiva daquele amor. Sabia que não amava bem, e sabia que não podia amar de outro jeito.

E sabia que ia terminar da única maneira que aquele amor podia terminar: da mesma maneira que o melhor dos amores termina; da única maneira que o amor desvelado pode terminar: e aquela lembrança, que iria restar por tudo que foi, nunca, nunca se tornou saudade.

6 comentários:

Rebeca Xavier disse...

"perto do coração selvagem"

Como era ela seca!

é a própria mãe, ou não

Caio M. Ribeiro disse...

Qualquer semelhança com Clarice Lispector é sinceramente desintencionada: pensava em sertão e falta de chuva quando da escritura do continho.

Mas tens razão, baby.

Ruff disse...

(:

Felipe disse...

você me deu um nó.

Anônimo disse...

Um pergunta na paz!!! Vc que escreve esses poemas??? vc se garante em literatura??? to precisando de uma ajuda ai em literatura brasileira e nao sei nem por onde comercar!!! tb tenho um blog nada tao literário.... www.derziel.blogspot.com

Caio M. Ribeiro disse...

Sim, anônimo (Tiago seu nome, não?), eu quem os escrevo. Diga-me como posso ajudá-lo, e direi se sou capaz, ok?

Abraço.