domingo, março 18, 2007

Agora com força, minha Marta toca-se e vejo-a, aos poucos, aumentar a intensidade de sua respiração; ordeno que pare, mas ela não pára, a minha Marta, e aqui é onde ela começa a existir.

Adormece na cama que acabei de lhe dar; não sei se sonha: não a conheço ainda, a minha Marta toda desregulada. Seu nome, conheço-o e conheço que dorme nua e desregulada; sei de coisas inefáveis sobre a minha Marta e não sei-lhe o porquê.

E desponta um narrador sem personagem, sem cenário, sem tempo. Quase sem voz. E sento-me ao lado de Marta, aproveitando minhas últimas batidas de existência para perguntar-lhe: não és mais minha, Marta: que podes desejar tanto assim? Contudo, a cena vai-se esvaindo até o ponto final.