sexta-feira, março 10, 2006

A noda da manga.

Moleque, puta merda! Eu disse pra tu tomar cuidado com a noda da manga, criatura! Vem cá, deixa eu ver! Se acalma, já vai passar! Vamo pra dentro, tira a camisa, senão prega e não sai mais.

Toma, passa uma agüinha. Pegou aonde? Graças a Deus não pegou no olho. Valei-me, Lurdinha, que foi que aconteceu? Não, mulhé, ele num foi atrás de pegar manga subindo na árvore? Vala me deus. Pois é, daí ele foi comer uma em cima de um galho e bufu na bochecha dele, caiu no chão, quase que quebra o pescoço. Aqueles gritos eram dele então. Justamente: quando eu ouvi, saí correndo, e encontrei ele deitado na lama, todo sujo, gritando e gemendo com a mão no rosto e uma manga do lado dele. Virei o rostinho dele e vi um rastro de sangue descendo, mulhé. Ai, meu Cristo. Ele nem conseguia abrir os olhos direito, do sangue e da lama, Custódia de Deus. Pode continuar botando água, viu? Só saia daí quando tiver toda limpa a cara, e depois o senhor vai tomar um banho.

Ô, mulhé, num sei o que se faça com o Leandro, viu? Mulhé, ele é muito danado, Deus me livre! Ele é bem ativo, né? Demais, se você quer saber, viu? Outro dia, ele tem essa mania besta de ficar trepando em árvore, eu avisei: Leo, tu vais cair, criatura! Desce logo, anda! Fez ouvido de mercador pra mim, o moleque! E pois num foi que ele escorregou do galho, Tódi? Graças a deus deu pra segurar ele, mas ele ainda se ralou. Ô, menino safado! Já foi tomar banho, Leandro Maria dos Santos? Pois pode ir! Arriégua!

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