segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Dia-a-dia, todo dia.

Todo dia, quando me levanto, tenho uma dor nas costas. Lanço os pés pra fora da rede, pisco os olhos que se recusam a ficar em pé e saio andando até o banheiro. Mijo, balanço, coloco a cueca no lugar e vou até meu quarto assistir as terríveis aventuras de Billy e Mandy. O almolço já está pronto.

São doze horas e já perdi toda a manhã, mas não faz mal: ganhei a noite, boa parte dela, assistindo, escrevendo, bocejando, espatando murissocas e aqueles insetos enormes que a chuva trás e ficam zunzunando na lâmpada amarela do meu quarto. Eu já disse pra mamãe que seria muito melhor deixar a antiga fosforecente, mas a preguiça misturada com o medo tem um poder de persuasão que deus me livre.

O dia continua, nada de novo, férias. Pra quebrar um linha reta, eu pergunto: onde está o caos, aqui dentro? Lá fora? Lá fora é longe demais pra uma criança. Mas ser criança, meu caro, é isso mesmo: é entrar demais no mar, é não ter medo de ondas, é gostar quando vem uma bem fortona e te leva pra longe; é voltar a pedalar, mesmo depois de se tacar no chão de cimento pontiagudo. É ir lá fora, longe demais. Mesmo com dor nas costas.

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