terça-feira, dezembro 25, 2007

Diamonds and rust

A lembrança guardada. Era uma vez um quarto de dormir no qual havia uma pequena foto de um lago ao crepúsculo. De moldura reatangular simples, marrom escura, sem ornamentos, acima de um criado-mudo postado aos pés da cama, pendurava-se o quadro; quem passasse os olhos pela parede e encontrasse com a pequena imagem no caminho, não notaria nada de estranho.

A lembrança lembrada. Certo dia, entraram no quarto e olharam - de verdade - para a foto, que não mostrava um lago ao crepúsculo, mas algumas árvores de folhas amarelas balançando; aproximaram-se, e viram o começo da orla do lago: azul, com leves ondas criadas pelo vento; ficaram de frente, apoiando as mãos no criado-mudo - sem piscar - observando como, à medida que movia-se a cabeça, poder-se-ia ver, claramente, todo o local da foto, como uma janela.

A lembrança esmorecida pelo tempo e pela morte. Chamaram todos da casa para verem e, contudo, ao chegarem para perscrutar o sortilégio, a mágica havia partido. Sobrara somente uma moldura velha, vazia, sem lago ou crepúsculo ou mesmo uma pequena imagem amarelada que fosse.

2 comentários:

Felipe disse...

você sabe que toda essa serenidade é tão impaciente e furiosa. tão rob halford, mas ainda joan baez.

Suyá Lóssio disse...

boa, amigo.