sábado, janeiro 06, 2007

Talvez me sinta aliviado afinal; talvez venha como o final que sempre quis: dramático, vermelho, épico; um gran finale digno de mistério e silêncio. A audiência se calaria em resposta às maravilhas presenciadas, às explosões, aos sortilégios, ao zênite da estória; toda a mentira ruindo pelo palco, escoando pelo chão, molhando a casa, ensopando seus sapatos lustrosos e negros. Um true broadway spetacle.

Ela sabe meu nome, vai usá-lo e aí tudo estará terminado. E este espelho que carrego há tantos anos partir-se-á em trezentos pedaços no quebrar do silêncio. Quando ouví-la falar. Quando da última vez que troquei palavras com alguém? Que escutei a melodia de outra voz que não a da saudade? Quando meus ouvidos dançaram pelo salão de outra música que não a que sai das cordas deste piano velho, que já cede? O tempo passou-me, deu-me um adeus rapidíssimo e deixou-me com a música de companheira. Vou parar de tocar. Ela chegou.

E talvez venha com o final que eu sempre quis.

Um comentário:

Felipe disse...

advinha só.
vermelhismo.