quarta-feira, abril 05, 2006

Cinema.

Não havia nada planejado. ele nem esperava que ela dissesse sim, de tão tímido que bloqueava a luz do sol. Ela, cansada dos avanços dos chatos fortões, um carinha daquele, magrinho, não era bonito, mas também não era feio. Contudo, o filme era bom, e pelo menos ela não iria pagar, porque era daquele tipo, ela sabia. Dito e feito, nem pagou, e quase que ela testou até quando ele iria, fingindo esquecer a carteirinha de estudante. Mas era maldade demais. Vejamos o que vai acontecer lá dentro, mas isso só depois.

Antes, eu quero falar dela, de jeito meigo, arrumada, expansiva, conversa com todo mundo, não estuda na hora do recreio: recreio é recreio, não é intervalo. Tem várias circundantes, que circundam ela no recreio, mas só no recreio; na hora da aula, ela é daquelas que sentam na frente, e fica discutindo filosofia de milésima com o professor que não tem coragem de admitir que não sabe a matéria. Ela é das chatas. ele é um cdf-nerd-de-quase-fundão.

Dentro do cinema, sentaram perto da saída, que era pra ela poder ir logo simbora, se o filme ficasse chato. Ele não ia fazer nada, sabia, então isso tava tranqüilo. Poltrona macia. Ela não colocava os pés na poltrona da frente, é falta de educação. Ele não tava nem aí, mas tirava o sapato, que não tinha chulé. Deve ser aquele spray. O filme não começou, e tava naquele momento que só quem entra logo na sessão que acabaou de acabar conhece; quando não tem ninguém de antes e só depois que vão chegar os parcos outros. Ele olhou pra ela com pouco mais que um estar sentado ao lado dela. Aquela ali já era a dádiva-mor. O problema é que ele nunca se contentara com pouco, e roubou um beijo que ela nunca havia esperado, nem em um milhão de anos. Chegou o resto do povo e a história roubada acabou.

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