quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Uma história de Gisela

Ouviram pelo rádio que não havia sobreviventes, e Gisela caiu-se aos prantos no meio da sala, esquecendo de segurar o prato com as xícaras de café, inundando o carpete. A família se levantou dos sofás e cadeiras para acudi-la. Apoiada no braço do sofá, só conseguia respirar entre os soluços. E a família nem estava toda lá: quem faltara era o filho de Gisela, Silveira. Menino bom, da marinha. Viajara ao Rio para visitar o pai, que tinha acrofobia.

Deu no que deu: Silveira foi, e deveria voltar de avião.

Mas Silveira nunca foi encontrado. Simplesmente foi esmaecendo da memória de todo mundo, menos da de Gisela, sua mãe, que nunca conseguiu secar decentemente o carpete e pegou trauma do cheiro de café.

4 comentários:

Felipe disse...

trauma de quase rir.

Anônimo disse...

faça boa viagem filhote, e cuide das suas irmãs

Rebeca Xavier disse...

o tuti não especificamente partidário

Anônimo disse...

Caraca legal,mais ao mesmo tempo triste🥲